terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Lembro de quando ela me ligou às quatro da manhã

E ela me chamou de querer
e pedaços miúdos daquilo
que ela me dera nos olhos
me irritavam como certas datas
que sempre me irritam quando
chegam já tanto faz se ela hoje
não chama esse nome de novo
ponho um preço e umas besteiras
na ponta da língua dela um
coração coberto de esperma
conduz o mesmo choque ácido
do limão na boca o mesmo
desbotado na pele que o limão
queima na pele sob o sol e se
doer que me chame de novo
com alguns truques
tudo cabe de
novo na cesta de pequenique
na mala desfeita que vence
o dono se gabando de ser pequena
e bem baixinha sua voz nem sabia
não doer assim desmanchando
e manchando de novo no mesmo
ritmo leve da cabeça após tomar
os analgésicos na mesa de cabeceira
com um copo bem ao lado
e os olhos um pouco inchados
ela chora mais uma vez enquanto
espera do outro lado da linha
o mesmo espaço em branco
que ela ainda pode chamar de querer.