quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Poema 61

Quando você

Toca

A campainha

Eu lembro

Abandono sem meias,

De chinelos na chuva,

Miojo pouca água,

Papa fria por fora

Quente

Ainda

Sem ver,

Queima minha língua,

Fósforo fino,

Três quebraram

Antes de acender

A boca do fogão e

Na boca o cigarro,

A camisa colando com

O suor porque bebi

Não comi

Nem o miojo,

Há quanto tempo

Eu esqueci

Rápido

Eu esqueci

De novo

A memória falhando, eu procurando as chaves

Quando você toca a campainha

Como escapar de onde você estava, de onde eu estava, disso que eu não posso tocar passando em você, nas unhas feitas, no passado pronto, no real idiota.


(Poema 61; in Tudo Isso Que Eu Não Consigo Dizer Embalado Pra Viagem)

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