segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Poema 3

O corpo nu dela

Como uma seqüência de coisas

Que a vontade de um menino

Desenharia

Seios grandes

Uma cintura estreita

Sobre uma foto

De uma outra mulher.

Desmancha dentro dela

O que foi tudo

Hoje

Eu acordei

Meio bêbado

Se eu soubesse

Beber menos

Ser assim ia

Doer mais

Aqui perto

Do que lá junto

Dela

Não

Lembrar mais dessa leveza

E de um monte de besteiras azedas

Enchendo o estômago

De uma vez

Por todas

Os dias

Vão cuspindo na minha cabeça

De cima do viaduto e

Vão caindo lá de cima

Numa única porrada,

Numa hora

Eu te vi

E depois

Outras manhãs

Ou costume de amanhecer

Acham o caminho

Do labirinto na garganta

Da privada

O sol chega

Arrotando no meu

Quarto

O cheiro

Das latas de cerveja espalhadas

Atrás dos prédios

O dia

É só o comprimido matinal

Do mundo.

(Poema 3; in Tudo Isso Que Eu Não Consigo Dizer Embalado Pra Viagem)

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