sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Toada de Casa Pra um Cão Perdido

Os bêbados abraçados
Inconvenientes quando dizem
As estórias acumuladas
Comuns nas bebidas sujas
Nas misturas que cabem num copo
De uma vida comum
Com a boca suja na frente da tv
Assim se perdendo de rir
Com os filmes ruins
Calados nas músicas que travam
Que só tem um cigarro
Como motivo
Os pedaços encolhidos,
As piadas sem medida que se
Atropelam pela madrugada
Que falam só de si
E abraçam como se já soubessem
O fim,
Que se juntam com uma pá
Quando o sangue pelo chão tá
Se espalhando
Quando o whisky
Acaba e deixa sempre
Um bando de poucos
Chorando pelo último dedo
De bebida
Na casa,
Nos copos
Nas latas cheias pela metade
Na outra manhã,
Uns poucos amigos que se colaram com poeira
Com a baba no filtro
Com a velhice das praças
Que faz irredutível
A velhice que importa
Dentro de umas piadas repetidas
Com o final diferente
Pra cada dia
Os bêbados intratáveis
Com doenças raras
Por repetir um riso
Grosso e rancoroso
Com as merdas incríveis
Que a vida agüenta
Nos ombros
Porque é menos seguro
Sair sem saber
Pra onde,
Empilhados no banco traseiro
Da lentidão sem fim de um motor antigo
Que remoe por dentro
O jeito relaxado de engasgar
Quando o gole desce errado
E espreme os olhos
Cansados e satisfeitos
De não saber onde vão dormir
Mas que arriscam o frio
Abraçados antes de se mandar
Pra um bar mais longe
Que sempre se aproxima.

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